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22/12/20 - 5 minutos de leitura
Energia solar garante fornecimento para os Ribeirinhos da Amazônia
No Acre, projeto piloto da Energisa comprova a viabilidade de usar painéis fotovoltaicos para solucionar o problema dos sistemas isolados na região
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22/12/20 - 5 minutos de leitura
Energia solar garante fornecimento para os Ribeirinhos da Amazônia
No Acre, projeto piloto da Energisa comprova a viabilidade de usar painéis fotovoltaicos para solucionar o problema dos sistemas isolados na região
“Nas cidades grandes, se paga a energia depois que se usa. Aqui, a gente paga para poder usar”, afirma Pedro Nascimento, morador da Vila Restauração, comunidade ribeirinha de 750 habitantes localizada no município de Marechal Thaumaturgo, no Acre. “Energia é vida. No escuro, tudo fica mais difícil.”
Conviver com a escuridão sempre foi a realidade de Nascimento. A Vila Restauração nunca contou com fornecimento contínuo de energia. No melhor cenário, seus moradores obtinham 4 horas de eletricidade por dia. Sem contar com fornecimento, a população dependia de geradores a diesel para, ao menos, ter alguma iluminação durante a noite. “A carne estraga, tudo estraga porque não tem energia”, lamenta Maria Valcélia, também moradora da comunidade.
No final do ano passado, a realidade desses ribeirinhos começou a mudar. Em parceria com a Alsol, empresa especializada em energias renováveis, a Energisa, principal distribuidora da Amazônia Legal, instalou um projeto piloto para levar energia solar à comunidade. Ricardo Botelho, presidente da companhia, foi pessoalmente ao local, junto com as equipes técnicas da Energisa, para apresentar a solução aos moradores.
“Nós temos a missão de levar energia de qualidade a todas as regiões do Acre”, afirmou o presidente. “Essa missão não é simples e vem sendo negligenciada há décadas. Cidades como essa nunca tiveram atendimento adequado”. Botelho destacou que, com apenas um ano de operação no Estado, a Energisa foi capaz de apresentar um plano viável aos moradores. Ele também ressaltou a importância de se usar geração limpa para projetos como o da Vila Restauração. A outra opção, as usinas térmicas a diesel, além de muito mais cara, é extremamente poluente.
A realidade da Vila Restauração não é única. Em todo Brasil, existem 271 “sistemas isolados”, como são chamadas as usinas de geração que não estão conectadas ao Sistema Integrado Nacional (SIN), rede de transmissão de energia que passa por todos os Estados brasileiros. Os maiores problemas desses sistemas são o custo e a falta de segurança energética. Na maioria dos casos, quem depende deles acaba recebendo uma eletricidade intermitente, apenas por algumas horas do dia.
São mais de 3 milhões de pessoas no Brasil vivendo nessas condições, a grande maioria na região Norte. Apesar do número de famílias que dependem desses sistemas ser elevado, eles geralmente atendem pequenas comunidades, algumas delas com menos de 100 habitantes (a exceção é Boa Vista, em Roraima, que é a única capital não interligada ao SIN). Apenas na Amazônia, o ministério de Minas e Energia estima que existem 82 mil famílias com acesso precário à energia.
A distância e o isolamento são as maiores dificuldades para se levar energia a essas localidades. Vila Restauração, por exemplo, fica a 70 km de Marechal Thaumaturgo e só é acessada de barco. É por esse motivo que a geração solar se mostra a solução mais adequada para resolver o problema. “É a energia mais limpa, inesgotável e acessível do mundo”, afirma Gustavo Malagoli, presidente da Alsol.
Ao buscar uma solução renovável para o desafio de levar energia aos mais distantes rincões do País, Energisa e Alsol também solucionam um problema econômico. Contando com Boa Vista, que tem mais de 300 mil habitantes, os sistemas isolados atendem a 1,6% da população brasileira. A carga desses sistemas representa menos de 1% do total gerado no País. O dinheiro para viabilizar as operações vem da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), encargo que é cobrado nas tarifas de distribuição. Embora o volume de energia utilizado seja pequeno, este ano, a CCC deve chegar a 7,6 bilhões de reais.
O alto custo se deve ao uso do diesel, que abastece 94% dos sistemas isolados, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Além do gasto financeiro, as térmicas representam um passivo ambiental por serem extremamente poluentes. As emissões estimadas dos sistemas isolados para este ano chegam a 2,7 milhões de toneladas de carbono.
Desafio para a Região Norte
Dos 271 sistemas isolados no Brasil, 269 se encontram na Região Norte. O Estado do Amazonas é o que mais sofre com o problema, com 95 localidades. Na área de concessão da Energisa, são 36 sistemas isolados: 9 no Acre, 1 no Mato Grosso e 26 em Rondônia. Nos três Estados, mais de 490 mil pessoas vivem em comunidades não integradas ao SIN.
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Os sistemas isolados na área de Concessão da Energisa
Em Rondônia, o trabalho da Energisa tem se concentrado na construção de subestações que vão permitir a substituição das térmicas a óleo diesel por soluções renováveis. Até 2022, estão previstos os desligamentos de 12 usinas no Estado. Para isso, serão investidos quase 700 milhões de reais. Até dezembro, por exemplo, a região do Vale do Guaporé vai receber 225 milhões de reais em um projeto que beneficia mais de 90 mil moradores dos municípios de Presidente Médici, Alvorada D’Oeste, São Miguel do Guaporé, Seringueiras, São Francisco, São Domingos e Costa Marques.
Com o desligamento de todas as termelétricas no Estado, a previsão é de uma economia de 1,7 bilhão de reais no custo de geração, nos próximos 14 anos. Além dessa economia, a Energisa ajuda a reduzir a emissão de carbono na atmosfera, ação fundamental para combater as mudanças climáticas.
Como levar energia para a Amazônia
O jornal Valor Econômico, o principal diário econômico do País, publicou uma matéria destacando que o debate sobre como atender a demanda de energia dos povos amazônicos é antigo. Segundo a publicação, há outros desafios na região, além de levar energia a povos isolados. Existem municípios de maior porte que também dependem da construção de infraestrutura, como grandes linhas de transmissão, para se conectar aos Sistema Integrado Nacional.
Esse debate voltou à tona em função do apagão que ocorreu no Amapá. Uma explosão em uma subestação deixou os amapaenses sem energia por um mês. A demora em retomar o abastecimento de energia revelou as dificuldades de manutenção e fiscalização da infraestrutura elétrica na Amazônia.
A conexão ao SIN se mostra imprescindível para garantir a segurança energética da população, tanto em regiões isoladas, quanto nas grandes metrópoles do Norte do País. A boa notícia é que, desde a privatização das distribuidoras da Eletrobras no Acre e em Rondônia, assumidas pela Energisa, os trabalhos de conexão se intensificaram, de acordo com a reportagem do Valor Econômico.
“A companhia conduz um plano de conexão de municípios no Acre e em Rondônia ao sistema nacional. Uma das primeiras iniciativas tomadas pela Energisa assim que assumiu as concessões no Norte foi implementar um sistema para comandar as subestações à distância, a partir de um centro de operações integrado”, diz o texto da reportagem, assinada pela jornalista Gabriela Ruddy. Como disse Ricardo Botelho, presidente da Energisa, aos moradores da Vila Restauração, a missão da empresa é levar energia de qualidade para todos os lugares. E não haverá descanso.
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