
19/08/22 - 5 minutos de leitura
Da usina à tomada: os desafios da área de transmissão da Energisa
Um bate-papo com Gabriel Mussi, diretor-presidente de geração e transmissão

19/08/22 - 5 minutos de leitura
Da usina à tomada: os desafios da área de transmissão da Energisa
Um bate-papo com Gabriel Mussi, diretor-presidente de geração e transmissão
Os investimentos em transmissão são parte importante da estratégia de diversificação dos negócios da Energisa. A atividade começou apostando nas sinergias com as operações de distribuição em estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e convergiu com a expansão para a região Norte, onde o negócio passou a vislumbrar a segurança energética da Amazônia, com aspectos de inclusão social e alinhamento com as iniciativas de descarbonização da matriz elétrica do bioma.
Fomos conversar com Gabriel Mussi, diretor-presidente de geração e transmissão, para saber como se deu esta evolução tão rápida para levar energia limpa a todo o país. Ele também conta um pouco sobre o papel da área de transmissão e os desafios futuros no Brasil em um cenário de transição energética.
Como explicaria para um leigo, de modo simples, o processo de transmissão?
A maior parte da energia consumida pelo cliente residencial é gerada por grandes usinas hidrelétricas. Ainda que tenha um crescimento relevante de eólica e solar, é preciso fazer este grande volume de energia chegar até o pulverizado, ao varejo. Neste processo, o papel da transmissão é o transporte de energia de um ponto distante até um centro de consumo. Somos como a estrada dessa energia que transporta do atacado até um centro de distribuição no varejo. O centro de distribuição no varejo é a distribuidora, que vai receber essa massa de energia através da rede de transmissão e então pulverizar e distribuir para os clientes. Esse é o nosso papel enquanto transmissora: ligar a oferta à demanda.
Quando e como a Energisa iniciou a atividade de transmissão?
A Energisa começou a se movimentar neste sentido no início de 2017. Começamos analisando áreas que tinham interface com os estados do Brasil em que já estávamos na distribuição. Os dois primeiros empreendimentos foram então em Goiás, importante para o escoamento para MT e MS, e no Pará, escoando para MT e TO. Começamos com este olhar, mas ao longo do tempo percebemos que, como o sistema era todo interligado, alguns empreendimentos estruturantes de transmissão eram fundamentais para regiões do país, o que justifica a nossa forte presença hoje no Pará, Amapá e Amazonas. Apesar de não termos atuação na distribuição nestes estados, eles fazem parte de uma rede de escoamento importante para Rondônia e Acre, por exemplo, onde temos distribuição. Em junho deste ano, vencemos um leilão para a construção de uma linha de transmissão para suprir a região metropolitana de Manaus. Hoje, já somos um ator importante para a transmissão na Amazônia.

Quais são os maiores desafios da área de transmissão?
Estamos voltando a investir em geração renovável, e a transmissão é quem faz o elo entre o negócio de distribuição e a geração. O ano de 2022 já iniciou com um leilão de tamanho relevante. Prevemos, nos próximos 4 anos, um volume substancial de investimentos neste setor, então, o primeiro desafio é se estruturar para conseguir participar desse processo de concorrência de empreendimentos. Isso exige capital e capacidade de execução, e, nesse sentido, nosso retorno é bem positivo. De 2017 até hoje, saímos de zero para um portfólio de 12 concessões e uma carteira da ordem de R$ 750 milhões de receita anual, um crescimento expressivo em 5 anos. Temos atuado com sucesso, mas precisamos manter essa constância. Outro desafio é conviver em um ambiente extremamente competitivo, principalmente no cenário inflacionário atual. A transmissão é uma atividade que tem uma dúzia de agentes, em constância de atuação e de sucesso nos leilões.
A quais características você atribui os bons resultados no negócio da transmissão de energia do Grupo?
Acho que temos um histórico bastante positivo de antecipação de prazo para a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) entre 12 e 18 meses. Nosso histórico de implantação é de muita eficiência. A Energisa é um grupo centenário que tem uma larga experiência de gestão de projetos. Trouxemos obviamente profissionais do setor, mas trouxemos, sobretudo, essa cultura da Energisa na implantação de grandes redes.
E de onde a Energisa controla toda essa operação de transmissão?
Temos o nosso Centro de Operação Integrado (COI) em Cataguases/MG do nosso braço de serviços (re)energisa, que presta o serviço de operação e manutenção para todos os nossos veículos de transmissão e geração.

Como a área de transmissão se integra às estratégias do Grupo Energisa e auxilia na descarbonização?
Na transição energética, vamos ter que descontinuar muitas usinas térmicas de óleo diesel e inserir novas usinas de fontes renováveis, como solar e eólica. Para fazer essa mudança, é preciso ligar essas usinas aos centros de consumo. Só que o melhor recurso eólico e solar no Brasil está concentrado na região Nordeste, enquanto o maior volume de consumidores está nas regiões Sul e Sudeste. Então para transportar é preciso ter a estrada, que é a transmissão. Esse é um primeiro papel da transmissora neste cenário de transição energética. Além disso, uma característica das indústrias renováveis é que não há armazenamento do sol e do vento, diferente do armazenamento de água das usinas hidrelétricas. A energia solar só é gerada durante o dia, enquanto o vento é mais incidente à noite em muitas regiões no Brasil. Então as redes de transmissão se fazem necessárias para dar maleabilidade ao sistema: se há muito sol, despacha-se o máximo de energia da usina solar; quando começa a anoitecer, com o sol caindo, despacha-se o máximo da eólica com o vento soprando.
Pode nos contar algum caso de sucesso nessa trajetória da transmissão?
Temos um empreendimento no sul do Pará, uma região que era alimentada por usina térmica – um sistema isolado do ponto de vista da transmissão. Criamos um ponto de conexão de lá para a nossa distribuição do norte do Mato Grosso e do norte do Tocantins. Ou seja, no Pará, onde não temos distribuição, conseguimos criar uma interligação que fornece energia com qualidade e estabilidade para aqueles consumidores que são atendidos pela Equatorial Pará (ex-Celpa), a distribuidora local. Ficamos muito felizes pelo êxito do negócio, mas principalmente, por transformar a vida das pessoas, que é um dos propósitos da Energisa.
Notícias mais lidas

27/09/24 - 4 minutos de leitura
Seca e altas temperaturas devem continuar na primavera Seca e altas temperaturas devem continuar na primavera

15/01/25 - 5 minutos de leitura
Energisa ilumina o verão com cultura e tecnologia Energisa ilumina o verão com cultura e tecnologia
07/01/25 - 2 minutos de leitura
Energisa reforça abastecimento de energia limpa na Amazônia Energisa reforça abastecimento de energia limpa na Amazônia